Bluesky está repensando as mídias sociais – permitindo que os usuários escrevam as regras.
May 11, 2025

Em um mundo onde plataformas como o X (anteriormente Twitter) e Meta exercem um enorme poder centralizado, Bluesky aposta em uma alternativa radical: devolver esse poder aos usuários.
Dirigida pelo CEO Jay Graber, a Bluesky é construída com a ideia de que as pessoas devem controlar suas próprias experiências em redes sociais – como o conteúdo é moderado, como os algoritmos classificam as postagens e até mesmo como as plataformas funcionam. A plataforma, agora com 35 milhões de usuários, é a maior rede social descentralizada existente.
Durante sua palestra no SXSW, Graber usou uma camiseta que fazia uma alusão ao infame slogan de Mark Zuckerberg “Zuck ou nada”. A dela dizia: “Mundus sine Caesaribus” – um mundo sem imperadores. É mais do que apenas moda; é uma declaração de intenção. “Não queremos ser governantes mais bondosos,” Graber disse à TIME. “Queremos um mundo onde governantes não sejam necessários.”
Não é Apenas um Clone do Twitter
Embora a Bluesky possa parecer com o X – completa com rolagem infinita e postagens de texto curtas – ela é fundamentalmente diferente por dentro. Ela utiliza o AT Protocol, uma estrutura de código aberto que permite aos usuários:
- Migrar seus seguidores para outras plataformas
- Personalizar feeds de conteúdo
- Criar regras de moderação adaptadas à sua comunidade
- Construir aplicativos totalmente novos sobre o protocolo
Algumas comunidades, como a Blacksky (focada em criadores e discussões negras), têm mais de 370.000 usuários ativos, mostrando o potencial do modelo para apoiar espaços digitais de nicho.
Liderança com uma Visão
Graber, ao lado da COO Rose Wang, formou a visão central da Bluesky durante os bloqueios da COVID. Vivendo em uma casa compartilhada em São Francisco cheia de empreendedores, elas refletiram sobre o que significava construir espaços seguros e inclusivos online. Suas experiências como mulheres também moldaram a prioridade da plataforma no design com foco em moderação.
Apesar do financiamento inicial do cofundador do Twitter Jack Dorsey, a equipe teve que se tornar independente quando Elon Musk cortou os laços após comprar o Twitter em 2022. A Bluesky então levantou $23 milhões em financiamento e se tornou uma corporation de benefício público, legalmente comprometida a servir ao bem social – não apenas lucros.
Crescimento Lento e Contínuo
Ao contrário dos concorrentes que buscam crescimento explosivo, a Bluesky deliberadamente restringiu seu sistema de convites até que sua pilha de tecnologia estivesse pronta. Essa decisão, diz Graber, foi difícil – mas necessária para proteger a integridade a longo prazo da rede.
Agora operando com uma equipe de 24 funcionários e mais de 100 contratados de moderação de conteúdo, a Bluesky ainda está descobrindo seu caminho de monetização. As ideias incluem assinaturas ou ferramentas de mercado, mas nenhum modelo final foi escolhido.
Enquanto isso, plataformas de terceiros como Flashes (um aplicativo semelhante ao Instagram) e Skylight (um clone do TikTok apoiado por Mark Cuban) estão sendo construídas sobre o mesmo protocolo – mostrando que o ecossistema da Bluesky já está se ramificando além do aplicativo original.
Confie na Infraestrutura, Não na Plataforma
Graber e Wang abraçam a ideia de que a Bluesky em si pode não durar para sempre. E esse é o ponto. Como é descentralizada, qualquer um pode pegar os pedaços e construir novamente.
“Se o servidor da Bluesky desligar durante a noite, a Greensky pode surgir na manhã seguinte,” disse Wang. “Não pedimos às pessoas que confiem em nós – pedimos que confiem na infraestrutura.”
Fonte: time.com